sábado, 11 de agosto de 2012

História do Karatê-Do

     
    O karatê foi divulgado entre o povo japonês à era Meiji.Há uma lenda de que o monge indiano Daruma Taishi, oriundo da tribo Baraioe, do sul da Índia, difundiu entre os chineses, 500 ac, o Shaolin Ch'uan (ou Kempo), quando lhes fora doutrinar o budismo.
         Daruma, enquanto seminarista, foi introduzido aos dogmas da seita zen. Ao chegar à capital Chien-Kang, em liang, teve uma audiência com o imperador Wu, que se mostrou tão interessado em assimilar os ensinamentos do zen, que passou a ser chamado de "imperador com a mente de Buda". Estes são fatos extraídos da mais famosa escritura zen, o "Hekiganroku". Entretanto, Daruma deixou este reinado atravessando o rio Yang-Tze, fazendo uma longa jornada ao País de Wei, ao norte da China, onde ficou no templo Shaolin, em Tungshan (província de Honani). Neste templo passou nove anos, e todos os dias praticava Zazen (meditação religiosa), sentado em frente a um alto rochedo, completamente isolado de todos, exceto de si próprio. Nessa época, começou a ensinar o segredo do Daruma zen a três discípulos, Dorin, Doiku e Keika. Estes, porém, enfraqueceram mental e fisicamente pela austeridade de seu mestre. Daruma então lhes fez compreender que "como é em cima, é em baixo", que significa: "o espírito e o corpo devem ser unidos e, para haver verdadeiro progresso espiritual, não devemos deixar fraco o corpo material ou físico". A doutrina dele dizia, então, que a percepção elevada só é conseguida com o treinamento do corpo e da alma. Essa doutrina denominou-se Ekikin-Kyo, e nela baseou-se o kempo chinês, divulgado pelos monges Shaolin.
         A doutrina de Daruma foi logo assimilada pelo Japão, principalmente pela casta dos militares (samurais), na época, Kamakura (1230- 1191 ac). O zen, tornou-se a base da formação espiritual e bélica dos guerreiros, originando o Bushido japonês. Daí se vê que há relação entre karatê e os ensinamentos espirituais do zen.
         Quando o kempo chinês foi trazido para Okinawa, lá já existia um kempo próprio, denominado kamaia-sut-su ou todi.
         O nome karatê não foi usado nem na China nem em Okinawa, apesar de que naquela época, os caracteres de To, significando China, é também lido kara. em 1937, o Japão troca então os caracteres que significavam arte chinesa, para os de "mãos vazias", ou "arte de se defender com as mãos limpas".
        Em Okinawa, o karatê foi largamente difundido devido a duas ocupações militares com total proibição do uso de armas. A primeira delas, em 1400, quando a ilha foi dividida em três partes; Hokuzan, Hashion e Natzan, de Shu, tornou-se poderoso, passando a dominar as três partes. Com o fito de perpetuar esta supremacia, desmobilizou os guerreiros. em 1609, a tribo Chima-Zu, em Kiushu, derrotou o Sho de Okinawa, com novas restrições a tudo o que fosse marcial. Isto encorajou-os mais ainda, motivados para a prática do karatê. o indivíduo era cuidadosamente selecionado entre seus pares nas famílias tradicionalmente guerreiras. Exigia-se tão absoluto segredo a ponto de se testar primeiramente o caráter daquele cogitado para o aprendizado. Os que não respondessem na mais elevada retidão de conduta eram sumariamente cortados. Essa pratica era sempre à noite, pela madrugada, escondidos nas matas ou em quarto fechado.
       Só três séculos após é que ele foi divulgado abertamente, já parte integrante de currículos escolares. Os nomes de grandes mestres se destacaram então, nesta época, como Kanyou, Itosu, Yasutsume, Mabuni, Kemwa, Higaona e outros. de Okinawa, o karatê foi levado ao Japão e demonstrado a mestres de artes militares, em Butokuden, Kyoto. Logo após, de 1922 a 1936, Funakoshi Gishin deu várias exibições por todo o território japonês, sendo considerado o pai do karatê na universidade de Tókio, difundiu-se por todo o Japão e depois para o mundo ocidental. Após a sua morte, Masatoshi Nakayama, assumiu o seu lugar e continuou o trabalho iniciado.
      No Brasil, foi introduzido em 1962 no Rio de Janeiro, pelos japoneses Yasutaka Tanaka e Sadamu Uriu (ainda vivos), trazidos pelo professor Lirton dos Reis Monassa, fundando a primeira academia de karatê do Brasil, a Kobukan (casa de lutas). Já em 1972, o Brasil participava do primeiro campeonato internacional (o segundo campeonato mundial de Karatê) na França, onde o Brasileiro Luiz Watanabe sagrou-se campeão. Daí em diante, todas as competições internacionais em que o Brasil participou obteve honrosas colocações.
       O karatê-dô tradicional alcançou sua forma final, tal qual como é conhecido no mundo moderno, ao redor de 1930 no Japão quando o mestre Funakoshi Gishin foi convidado sob o patrocínio do ministério da educação a fazer uma demonstração pública. Logo depois o karatê-dô foi inserido como matéria em educação física, nas universidades japonesas.
        Porém, as bases técnicas do karatê-dô tradicional se iniciaram muito antes, com o to-de, a arte de luta sem armas, desenvolvido em Okinawa durante séculos. O to-de surgiu quando o governo da referida província impediu a sua população a posse de qualquer tipo de arma.
        Por sua vez, o to-de de Okinawa se baseou na técnica de luta chinesa conhecida como Chuan-Fa, cujas origens se remontam a mais de mil anos. Acredita-se que a arte de luta denominada nan-pei-chun, desenvolvida na província chinesa de Fukien, teve a maior influência no desenvolvimento do to-de.
        "O karatê-dô é uma arte marcial que põe à prova o caráter, a personalidade, a alma, o espírito e o organismo de quem a pratica, fazendo com que exista uma luta interna com o praticante, levando-o a desafiar e a vencer a si mesmo. o caminho (Do) é uma estrada aberta à perfeição humana, que tenta devolver ao homem a calma do espírito, fazendo-o voltar estado puro, primitivo e livrando-o das algemas que o aprisionam à ilusão do mundo exterior, e o vazio do qual nos fala o budismo zen".
     "Na prática do verdadeiro karatê-dô, a dificuldade é uma constante, e não será com pouco esforço que se dissipará. É através da dificuldade que aparece o verdadeiro homem. Sabemos, também, que só a firmeza, vontade e determinação é que nos levam a atingir um objetivo alvo. E assim é no aprendizado do karatê-dô. Quem de fato desejar atingir o "vazio" saberá que sua trilha será de apenas, sacrifícios e pesquisas ininterruptas e se entregará ao limite de suas condições físicas. A vontade e o poder de decisão devem estar presentes naquele que inicia".


Fonte: apostila com base no site http://www.wkf.net

Nenhum comentário:

Postar um comentário