O karatê foi divulgado entre o povo japonês à era
Meiji.Há uma lenda de que o monge indiano Daruma Taishi, oriundo da tribo
Baraioe, do sul da Índia, difundiu entre os chineses, 500 ac, o Shaolin Ch'uan
(ou Kempo), quando lhes fora doutrinar o budismo.
Daruma, enquanto seminarista, foi introduzido aos
dogmas da seita zen. Ao chegar à capital Chien-Kang, em liang, teve uma
audiência com o imperador Wu, que se mostrou tão interessado em assimilar os
ensinamentos do zen, que passou a ser chamado de "imperador com a mente de
Buda". Estes são fatos extraídos da mais famosa escritura zen, o
"Hekiganroku". Entretanto, Daruma deixou este reinado atravessando o
rio Yang-Tze, fazendo uma longa jornada ao País de Wei, ao norte da China, onde
ficou no templo Shaolin, em Tungshan (província de Honani). Neste templo passou
nove anos, e todos os dias praticava Zazen (meditação religiosa), sentado em
frente a um alto rochedo, completamente isolado de todos, exceto de si próprio.
Nessa época, começou a ensinar o segredo do Daruma zen a três discípulos,
Dorin, Doiku e Keika. Estes, porém, enfraqueceram mental e fisicamente pela
austeridade de seu mestre. Daruma então lhes fez compreender que "como é
em cima, é em baixo", que significa: "o espírito e o corpo devem ser
unidos e, para haver verdadeiro progresso espiritual, não devemos deixar fraco
o corpo material ou físico". A doutrina dele dizia, então, que a percepção
elevada só é conseguida com o treinamento do corpo e da alma. Essa doutrina
denominou-se Ekikin-Kyo, e nela baseou-se o kempo chinês, divulgado pelos
monges Shaolin.
A doutrina de Daruma foi logo assimilada pelo Japão,
principalmente pela casta dos militares (samurais), na época, Kamakura (1230-
1191 ac). O zen, tornou-se a base da formação espiritual e bélica dos guerreiros,
originando o Bushido japonês. Daí se vê que há relação entre karatê e os
ensinamentos espirituais do zen.
Quando o kempo chinês foi trazido para Okinawa, lá já
existia um kempo próprio, denominado kamaia-sut-su ou todi.
O nome karatê não foi usado nem na China nem em
Okinawa, apesar de que naquela época, os caracteres de To, significando China,
é também lido kara. em 1937, o Japão troca então os caracteres que significavam
arte chinesa, para os de "mãos vazias", ou "arte de se defender
com as mãos limpas".
Em Okinawa, o karatê foi largamente difundido devido a
duas ocupações militares com total proibição do uso de armas. A primeira delas,
em 1400, quando a ilha foi dividida em três partes; Hokuzan, Hashion e Natzan,
de Shu, tornou-se poderoso, passando a dominar as três partes. Com o fito de
perpetuar esta supremacia, desmobilizou os guerreiros. em 1609, a tribo
Chima-Zu, em Kiushu, derrotou o Sho de Okinawa, com novas restrições a tudo o
que fosse marcial. Isto encorajou-os mais ainda, motivados para a prática do
karatê. o indivíduo era cuidadosamente selecionado entre seus pares nas
famílias tradicionalmente guerreiras. Exigia-se tão absoluto segredo a ponto de
se testar primeiramente o caráter daquele cogitado para o aprendizado. Os que não
respondessem na mais elevada retidão de conduta eram sumariamente cortados.
Essa pratica era sempre à noite, pela madrugada, escondidos nas matas ou em
quarto fechado.
Só três séculos após é que ele foi divulgado
abertamente, já parte integrante de currículos escolares. Os nomes de grandes
mestres se destacaram então, nesta época, como Kanyou, Itosu, Yasutsume,
Mabuni, Kemwa, Higaona e outros. de Okinawa, o karatê foi levado ao Japão e
demonstrado a mestres de artes militares, em Butokuden, Kyoto. Logo após, de
1922 a 1936, Funakoshi Gishin deu várias exibições por todo o território
japonês, sendo considerado o pai do karatê na universidade de Tókio,
difundiu-se por todo o Japão e depois para o mundo ocidental. Após a sua morte,
Masatoshi Nakayama, assumiu o seu lugar e continuou o trabalho iniciado.
No Brasil, foi introduzido em 1962 no Rio de Janeiro,
pelos japoneses Yasutaka Tanaka e Sadamu Uriu (ainda vivos), trazidos pelo
professor Lirton dos Reis Monassa, fundando a primeira academia de karatê do Brasil,
a Kobukan (casa de lutas). Já em 1972, o Brasil participava do primeiro
campeonato internacional (o segundo campeonato mundial de Karatê) na França,
onde o Brasileiro Luiz Watanabe sagrou-se campeão. Daí em diante, todas as
competições internacionais em que o Brasil participou obteve honrosas
colocações.
O karatê-dô tradicional alcançou sua forma final, tal
qual como é conhecido no mundo moderno, ao redor de 1930 no Japão quando o
mestre Funakoshi Gishin foi convidado sob o patrocínio do ministério da
educação a fazer uma demonstração pública. Logo depois o karatê-dô foi inserido
como matéria em educação física, nas universidades japonesas.
Porém, as bases técnicas do karatê-dô tradicional se
iniciaram muito antes, com o to-de, a arte de luta sem armas, desenvolvido em
Okinawa durante séculos. O to-de surgiu quando o governo da referida província
impediu a sua população a posse de qualquer tipo de arma.
Por sua vez, o to-de de Okinawa se baseou na técnica
de luta chinesa conhecida como Chuan-Fa, cujas origens se remontam a mais de
mil anos. Acredita-se que a arte de luta denominada nan-pei-chun, desenvolvida
na província chinesa de Fukien, teve a maior influência no desenvolvimento do
to-de.
"O karatê-dô é uma arte marcial que põe à prova o
caráter, a personalidade, a alma, o espírito e o organismo de quem a pratica,
fazendo com que exista uma luta interna com o praticante, levando-o a desafiar
e a vencer a si mesmo. o caminho (Do) é uma estrada aberta à perfeição humana,
que tenta devolver ao homem a calma do espírito, fazendo-o voltar estado puro,
primitivo e livrando-o das algemas que o aprisionam à ilusão do mundo exterior,
e o vazio do qual nos fala o budismo zen".
"Na prática do verdadeiro karatê-dô, a
dificuldade é uma constante, e não será com pouco esforço que se dissipará. É
através da dificuldade que aparece o verdadeiro homem. Sabemos, também, que só
a firmeza, vontade e determinação é que nos levam a atingir um objetivo alvo. E
assim é no aprendizado do karatê-dô. Quem de fato desejar atingir o
"vazio" saberá que sua trilha será de apenas, sacrifícios e pesquisas
ininterruptas e se entregará ao limite de suas condições físicas. A vontade e o
poder de decisão devem estar presentes naquele que inicia".
Fonte: apostila com base no site http://www.wkf.net
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